quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Augusto Santos Silva “Os Porquês da Política” (TVI 24)

(Crise política) - Vivemos uma crise política há mais de um mês, ininterruptamente. Sabemos que o OE é do MF (e suspeita-se que do PM) e sabemos que não é do parceiro de coligação; a questão é sabermos se a proposta é do governo e não há maior sinal de podridão política do que isto, tal como não sabemos se o governo sobreviverá à sua discussão e votação. NA PRÁTICA NÃO TEMOS COLIGAÇÃO EM PORTUGAL!

O mínimo que se pode dizer é que a proposta é de Gaspar, menos a abertura que tinha manifestado em Bruxelas para mitigar o aumento de impostos, e conta com 3 grandes fontes de oposição e nenhuma delas é a oposição parlamentar: o CDS, parte significativa do PSD e o distanciamento crítico do PR.
Seguro está sentado a jogar ao jogo do sério, do responsável, e não precisa de fazer nada; começou paulatinamente a “subir o monte” (do sopé onde o PS foi colocado pelos portugueses em Junho do ano passado), tendo ainda subido pouco, e “eis senão quando um belo dia vê virem pelo monte abaixo” Passos Coelho e Portas, empurrados por eles próprios.
Na prática já não existe coligação em Portugal; numa operação de comunicação bem desenhada, o governo colocou ontem 3 dos seus membros nas televisões, mas nenhum era o ministro da Segurança Social, por ser do CDS. O PR também é parte nesta discussão porque também é contra esta proposta. Não é fácil colocar em causa o MF, porque sacrificando-o, sacrifica-se o orçamento e não se vê como o governo possa sobreviver sem orçamento. Ontem, o MF fez verdadeiramente o discurso de PM, a “entalar” o CDS, ao dizer que divergir da proposta é divergir do programa de ajustamento.
No quadro em que Gaspar e Passos Coelho colocaram o país, é verdade que não há alternativa, no quadro de quem partilha essa solução e ideologia. O que nos deve preocupar é o nível de rendimentos das famílias e a solução da proposta de OE faz recair o esforço sobre esse rendimento, sabendo Gaspar que esta solução não resulta. Para haver alternativa é preciso sair deste quadro de tragédia pura, sendo preciso ser mais arrojado, quer na política interna, quer na política europeia

Sem comentários:

Enviar um comentário