Ninguém se entende na coligação. Foi-lhe fácil dizer mal, mas tem-se revelado difícil governar melhor. Foi a votos prometendo o futuro, mas
não consegue sair do passado. Cada dia que passa é uma penitencia para o primeiro-ministro. A sua maioria é
apenas virtual. O parceiro da coligação levantou ferro, a concertação social
estalou, o Presidente da República está “incomodado” e o povo perdeu a
paciência.
As pessoas já ouviram todas as desculpas
com o passado, mas começam a perceber que antes estavam melhor e agora pior,
muito pior. E todos os dias se convencem mais de que as soluções do governo são
parte do problema. Ganham consciência de que a estratégia de empobrecer todo um
povo é o desígnio nacional da maioria, tal como confessou o negociador António
Borges. Segundo o próprio, é urgente que assim seja.
Em simultâneo, os setores estratégicos
do país são delapidados. Agora descobrimos que está a ser negociada a
privatização da CGD, porque há que fazer frente ao descalabro das contas
públicas. De facto, há um ano, o défice era 94% do PIB, mas estamos a chegar a
2013 com um valor que se aproxima dos 124% desse PIB. Como se explica? Não há
explicação.
Como é possível, depois do esbulho dos
subsídios dos reformados e trabalhadores no ativo, depois do aumento histórico
de todos os outros impostos, do IMI, do IVA, do IRS, enfim, depois de terem
conduzido os portugueses à exaustão fiscal, como pode o governo justificar
resultados tão dramáticos?
Não, não pode encontrar nenhuma boa
desculpa para este insucesso, a não ser a sua própria incompetência. O
primeiro-ministro não pode estar refém de ninguém, mas, infelizmente, tal não
acontece. Está totalmente dependente de um ministro das Finanças que ainda não
assumiu o seu falhanço e declínio, bem como de uma coligação que se esvai em
misérias, em múltiplas zangas na praça pública.
Se o PS não tivesse apresentado
alternativas, linhas programáticas claras, materializadas em 357 propostas
concretas, apresentadas na Assembleia da República, o governo ainda poderia ter
algum capital de queixa, fraco, mas teria. Assim, a maioria absoluta PSD/CDS
não tem nenhum alibi.
O governo terá de arrepiar
caminho. Tudo tem resultado mal, muito mal. Mudar seria um sinal de
inteligência e não de fraqueza. O país precisa desse rasgo, dessa mudança
inadiável. A não ser assim, a privatização da Caixa Geral de Depósitos ditará o
fim do governo
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