segunda-feira, 27 de agosto de 2012

(PÚBLICO) O EQUIVOCO ORÇAMENTAL DE PASSOS COELHO



O ano de 2011 terminou com um défice de 4,2%, bem mais abaixo dos 5,9 acordados com a Troika. Ficou a ideia de que as metas de 4,5% para 2012  e 3% para 2013 seriam exequíveis. O governo cobrara mais do que o necessário e foi assim que os portugueses chegaram ao Natal com dinheiro a menos e Vítor Gaspar com dinheiro a mais, cerca de 3 mil milhões de “superavit” no seu "bom caminho"!
António Seguro disse ao Primeiro-ministro que ter ido para além da Troika fora uma imprudência, que a austeridade se revelara excessiva, ultrapassara largamente as exigências do memorando e avisou que muito rapidamente poderíamos entrar numa espiral recessiva e num aumento exponencial do desemprego.
O governo respondeu com a subida do IVA para a taxa máxima de 23% na luz, no gás, na restauração, diminuiu e congelou salários, "confiscou" subsídios de férias e Natal, tudo para além do memorando e até da Constituição, como se viu. Cruzou os braços perante a indisciplina no preço dos combustíveis, esqueceu a promessa da rede "low cost", travou o investimento nas energias renováveis, ignorou o apoio ao financiamento da economia e à sua internacionalização.
O PS não gostou e não se ficou pelas palavras. Exigindo ao governo "outro caminho" apresentou-lhe mais de 350 propostas alternativas e a negociação de mais tempo, pelo menos mais um ano, para a consolidação das contas públicas, dando mais oportunidade à economia, ao crescimento e ao emprego.
O governo respondeu chumbando a esmagadora maioria, cerca de 90%, sobretudo nas áreas sensíveis da economia, finanças, educação, trabalho e emprego. Passos Coelho e os “doze apóstolos” (António Borges incluído), revelaram desinteresse pelo país real e desprezo pelo sofrimento das famílias. "Custe o que custar" foi o caminho escolhido.
Foi assim que em 2012 chegámos a um desemprego inédito, superior a 15%, a um aumento de 47% nas falências, 500 empresas por dia, a mais 205 mil desempregados do que em 2011, a uma recessão histórica, superior a - 3%, a uma economia parada e a 100 mil portugueses, na sua maioria jovens superiormente habilitados, empurrados para a emigração.
Foi assim que caíram as receitas fiscais nos combustíveis e nos automóveis, e houve menos IVA, menos IRC; apenas mais IRS, dinheiro das famílias a quem a banca está a leiloar diariamente 120 casas que tinham comprado com o seu trabalho.
O ministro das finanças, esse equívoco emocional, sempre a dez à hora, mesmo assim estampando-se em todas as suas previsões, lá veio dizer, pleno de impudência, que estava surpreendido com o desemprego e até com a quebra das receitas fiscais.
Não convenceu ninguém, nem mesmo Manuela Ferreira Leite que, com fina subtileza, até com alguma religiosidade, dizendo-se “mulher de fé”, já há muito confessara que esta austeridade não levaria a lado nenhum.
Não há desculpas. Não foi por falta de aviso e propostas do PS que haverá derrapagem do défice e que a execução do OE 2012 e o ministro das Finanças se constituíram no equívoco orçamental de Passos Coelho.

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