Em Outubro, aquando do OE 2013 da
atual maioria, o PS e o país ficarão a saber as metas e medidas concretas que o
governo vai apresentar. Até lá o maior partido da oposição continuará em silêncio
sobre o que desconhece, mas depois dirá o que pensa e, se for caso disso,
repito, “se for caso disso”, apresentará propostas alternativas claras, porque
o PS não aceitará ao governo a repetição de erros crassos do passado, apenas
pela recusa em ouvir e considerar cinco linhas estruturantes. Passo a lembrar.
O PS combateu a ausência de uma
política de promoção do emprego e avisou o governo sobre o efeito recessivo dos
seus cortes cegos, excessivos, e as suas consequências. A título de exemplo, o
IVA máximo na energia e restauração, o corte de 50% do subsídio de Natal em
2011 e o confisco dos dois de 2012, subtraíram à economia. O governo não ouviu.
Hoje há mais 205 mil desempregados, uma taxa que atingiu os 15% sendo que a
real passa os 23%.
O PS defendeu uma estratégia para a
recuperação e crescimento económicos, apoiando as empresas, nomeadamente as que
exportam e alertou para as consequências da ausência de financiamento à
economia e à sua internacionalização. O governo não ouviu. Hoje acrescem ao
desemprego conhecido mais 705 mil portugueses com pagamentos em atraso e o
leilão bancário de 120 casas por dia.
O PS combateu a política de Passos
Coelho que se concentrara na defesa ideológica de uma austeridade excessiva,
contra tudo e contra todos, demonstrando-lhe que os sacrifícios poderiam ser
menores com uma repartição mais sensata. O défice em 2011 (incompreensivelmente)
foi muito menor do que a Troika exigia e o memorando previa. Acontece que este
ano não está a diminuir, está a aumentar. O governo não ouviu. Paradoxalmente,
o défice será maior do que em 2011 e corre o risco de não atingir a meta de 4,5
% assumida no memorando.
O PS defendeu mais tempo para
consolidar as contas públicas, de modo a diluir o esforço de todos e a aumentar
as oportunidades para a economia e o emprego, sobretudo o mais jovem. O governo
não ouviu. Hoje mais de 150 mil pessoas saíram de Portugal, sobretudo jovens
superiormente qualificados, delapidando-se um património humano, português,
formado por nós e colocado ao serviço de terceiros.
O PS combateu sempre o seguidismo
acrítico e menor, quase "religioso", que Passos Coelho tem vindo a
fazer da senhora Merkel e que se traduz na ideia inqualificável de substituir o
crescimento pelo empobrecimento ou o emprego pela emigração, quebrando todas as
regras e valores que levaram à construção europeia. O governo não ouviu. As
falências aumentaram quase 47%, cerca de 500 empresas encerram todos dos dias e
a desagregação da Europa nunca esteve tão perto.
Assim, é oportuno lembrar ao governo
de que é necessário escolher outro caminho, demonstrar às pessoas que o país é
possível e que o seu reencontro com a confiança e um futuro de esperança é uma
exigência inultrapassável. Sem isso, nada pode ser pedido ao PS. Não há cheques
em branco, nem espaço para a repetição destes cinco erros crassos de Passos
Coelho.
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