Miguel Frasquilho, a título individual, veio dizer a uma televisão (TVI), que a Troika deveria dar mais dois anos para a consolidação orçamental; que o governo se tem comportado bem, mas, que diabo, o “raio” das receitas é que se têm portado mal. Não fosse a situação tão dramática e tínhamos aqui uma anedota!
António José Seguro, desde o início, tem defendido mais tempo para a dita consolidação orçamental. É o seu caminho para diminuir a austeridade, financiar a economia, conseguir crescimento e emprego.
O governo “jura a pés juntos” que nunca fará isso. Pelo contrário, “custe o que custar”, disse Pedro Passos Coelho, a linha de austeridade extrema é para manter. Vítor Gaspar, o incompetente ministro das Finanças, convenceu-o disso.
O resultado dessa política é bem conhecido nos nossos bolsos: desemprego e recessão em máximos históricos, aumento em 80% do número de empresas que solicitaram insolvência no 1º semestre, falência da economia e agonia do comércio de proximidade. Sem mais, nem menos. É assim.
Mira Amaral, em Junho, em entrevista à Frontline, veio dizer “Penso que o ajustamento do défice público deveria ter sido mais lento”. Respondendo à questão sobre se a austeridade em exagero pode matar a economia, é categórico: “se forem tomadas medidas de austeridade em dose exagerada, podemos correr esse risco”.
Mira Amaral confessa as teses do PS, do seu Secretário-Geral, mas não é o único. Manuela Ferreira Leite ou Bagão Félix afirmam o mesmo há algum tempo; e nem vale a pena falar dos pregadores de quinta e domingo, respetivamente Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa, porque foram muito claros em dizer, traduzindo por estas palavras: vamos precisar de mais tempo e mais dinheiro, mas o 1º Ministro faz bem em não admitir isso por causa dos mercados. Ou seja: deve continuar a mentir! Os mercados andam distraídos!
A minha questão é esta: estando todos a dizer o mesmo, sabendo todos (incluindo as personalidades da maioria) que o resultado destas políticas é um desastre, admitindo tudo isto publicamente, ouvindo o povo tudo o que todos ouvimos, por que motivo Passos Coelho não se reconduz à realidade?
DB 2012.07.05
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