sexta-feira, 8 de junho de 2012

FOI MAIS FÁCIL DIZER MAL DO QUE FAZER BEM (in Diário de Viseu)

A última sondagem da Universidade Católica revela que 67% dos portugueses entendem que o governo tem tido um mau desempenho. O PSD continua a cair, mas ainda mantém a maioria das intenções de voto (36%). O PS consolida a sua margem de progressão (33%), afirmando-se como alternativa. Os 3 pontos que o separam do maior partido da oposição caem dentro da “margem de erro” do estudo de opinião.
Se o PS tivesse alterado a sua posição relativamente aos compromissos assumidos há um ano pelo anterior governo poderia, eventualmente, recolher mais simpatia, mas ter-se-ia afastado do caminho alternativo que escolheu: bater-se por propostas concretas de crescimento e emprego e rejeitar a austeridade pela austeridade.
A credibilidade de uma alternativa não se constrói pela crítica fácil, demora tempo, implica compromissos com as pessoas. O reencontro do PS com os eleitores só é possível se entre as partes for criada uma relação de confiança. É isso que estamos a fazer, porventura mais devagar do que a pressa de alguns, mas ao ritmo adequado à consolidação de ideia que se pretende comum: é possível fazer diferente e, sobretudo, fazer melhor.
Na vida nada é fácil e nada acontece por acaso. É preciso persistir encontrando força na razão das nossas convicções. Na europa da era Hollande triunfa a estratégia lançada pelo secretário-geral do PS, António Seguro. A famosa "adenda" ao Tratado Orçamental, chumbada pela maioria na Assembleia da Republica, será adotada como "Tratado Complementar". Esta maioria já deu o dito por não dito e acabou por viabilizar o texto que o PS reapresentou. Coisas do destino!
Portanto, as euro-obrigações, os "eurobonds", têm cada vez mais adeptos e representam parte do "outro caminho". Passos Coelho ainda não integra esta ideia. Mera teimosia e subserviência à chanceler Merkel. É uma questão de tempo. Se já fala e quer, AGORA, a tal "agenda para o crescimento e emprego", proposta pelo PS, também irá “desejar” os "eurobonds", tal como Mariano Rajoy que a caba de se pronunciar nesse sentido. Quem diria?!
Creio mesmo até no Presidente da República haverá mudança. Com uma popularidade negativa, facto que acontece pela primeira vez a um chefe de estado depois do 25 de Abril, em democracia, Cavaco Silva já terá compreendido que quando a inteligência foi distribuída estávamos cá todos. Constatará, pois, que ao detonar uma crise política em cima de uma crise económica, fingir-se alvo de escutas ou tentar dizer que os 10.000 euros das suas reformas não lhe chegam para os "iogurtes" (passe a imagem), são atitudes reprováveis.
O bom caminho, o "êxito" da avaliação da "Troika", não pode ser desemprego máximo e emprego mínimo, liberalização dos despedimentos e iniquidade nos rendimentos, corte nos salários e subsídios e aumento das gorduras do Estado, austeridade sobre austeridade, recessão e crise económica sem precedentes, empobrecimento de todos para enriquecimento de alguns.
O governo não foi escolhido para se desculpar, mas para governar. Não nos pode oferecer passado quando nos prometeu futuro. É por isso que as sondagens dizem que os portugueses se sentem pior e não melhor, que têm menos confiança e menos esperança. Tudo porque, a esta maioria e ao Presidente da República, foi sempre mais fácil dizer mal do que fazer bem.              

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