Parece ser a nova obsessão do governo: encerrar serviços. A orientação vai no sentido de limitar os polos politécnicos, rarefazer as repartições de finanças, eliminar extensões de saúde ou encerrar tribunais, o que estiver mais à mão, sem cuidar dos direitos constitucionais dos cidadãos, nem da coesão social e do próprio território.
Há um ano atrás, lembro-me muito bem, a oposição que hoje é governo de maioria absoluta, desmultiplicava-se em moções nas assembleias municipais, organizava manifestações e deslocações a Lisboa, em autocarros pagos pelas autarquias.
Contestavam, por exemplo, a reforma das urgências ou a relocalização de uma dúzia de salas de parto em todo o país. Não faltou mesmo a notícia de alguns nascimentos em ambulância, como se tal facto nunca tivesse ocorrido, sendo que, ao mesmo tempo, se esquecia o facto da ex-ministra da Saúde de Cavaco Silva, Leonor Beleza, ter mandado fazer o mesmo, e bem, mas em dezenas, muitas dezenas de unidades em todo o país.
Naquela altura, tal como agora, o silêncio da direita, sobretudo do PSD, era total. O mais recente episódio, a revisão em alta do número de tribunais a encerrar no distrito, passando de seis para nove, faz com que o silêncio tome novamente de assalto os deputados da maioria.
A visita que os eleitos do PSD fizeram ao tribunal de Vouzela é um sinal claro disso mesmo. Lá foram e de lá vieram, todos contentes, sem saber que o governo já tinha proposto o seu encerramento. Não contaram para a decisão. Talvez, isto sim, seja um caso de “intimidades traídas”; e o deputado Acácio Pinto que me desculpe, mas isto nada tem a ver com o seu livro!
Acresce a este pesadelo que o governo retirou os incentivos fiscais às empresas do interior, carregou no IVA da restauração e mandou-o, igualmente para o teto máximo dos 23%, na eletricidade e no gás. E nada disto vem no memorando da “Troika”, como se sabe.
Paralelamente, mandou parar as obras nas escolas, bem como todos os investimentos em curso na saúde, nos equipamentos sociais, pelo menos numa das futuras barragens e, certo, mesmo certo, é que na de Ribeiradio já nada pode fazer, porque está em obra imparável.
Com este governo do PSD e do CDS (este apenas com 10% da responsabilidade, como diria Paulo Portas) o paradigma para o distrito de Viseu mudou radicalmente, mas não estamos de parabéns.
Agora, o debate público mudou de tema: em vez de discussão sobre progresso e investimento, em todo o distrito, centra-se apenas no empobrecimento de todos e encerramento de tudo.
DV 2012-05-30
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