sábado, 5 de maio de 2012

O GOVERNO ESCOLHEU IR SOZINHO … BOA-VIAGEM (opinião - in Diário de Viseu)

O fim de semana foi marcado por duas intervenções concretas, do ministro das finanças e do primeiro-ministro. Ambas desiludiram, porque nenhuma transmitiu energia, ânimo ou esperança no reencontro com um futuro de novas oportunidades e não de repetidos constrangimentos.
Vítor Gaspar veio anunciar - depois do lapso - que o reinício do pagamento integral dos subsídios de férias e Natal teria lugar em 2018, daqui a 6 anos, mas, explicou o ministro, só se calhar, porque nada está garantido.
O primeiro-ministro informou displicentemente que o desemprego vai subir nos próximos dois anos, pelo menos, para níveis a que “não estávamos” habituados.
Ou seja: com clareza, os dois, disseram-nos que não há mais nada, nem mais dinheiro, nem mais emprego, para os portugueses. Como se sabe, nada disto vem no memorando da “Troika” e é tudo exatamente ao contrário do que nos prometeram – e com que nos aliciaram – na campanha eleitoral.
Estes dois discursos são as “mães de todas as provas” de falhanço radical do governo e das suas políticas.
O ministro das finanças revela enorme incompetência, bem-humorada às vezes, mas trágica, entrando num ciclo de orçamentos retificativos de todos quantos apresentou. E só se retifica o que não está bem. E nada do que apresentou esteve bem.
O primeiro-ministro defraudou todas as expetativas que criou e alguém trabalhou por ele para esse efeito. Impreparado, afundando-se no passado, não consegue emergir neste presente, nem no futuro de oportunidade que nos prometeu. Permitiu a voragem do património nacional emblemático, pelos grandes “lobies” e pelos amigos de sempre. A sua pressa de ir ao “pote”, como de modo tão infeliz se referia à oportunidade de vir a governar, resolveu rapidamente os problemas de uma clientela, bem à custa do trabalho de décadas e de valores que a constituição nos tributa.
Finalmente, escolheu o caminho do desespero, da confrontação política, malbaratando a disponibilidade do PS para o compromisso político, bem como aquele que alcançou, a ferros, na concertação social. A ideia é simples: sem soluções, escolhendo um caminho errado, está a construir uma crise política que requeira a intervenção do Presidente da República.
A ideia seria a de convencer o Presidente a uma magistratura de influência que trouxesse consigo uma nova fórmula, de incidência governativa ou parlamentar, para partilhar responsabilidades. António José Seguro já respondeu a isso: o governo escolheu ir sozinho, portanto, boa-viagem.
DV 2012-05-02

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