sexta-feira, 2 de março de 2012

OPINIÃO - ENTÃO, POR QUE MOTIVO NOS MENTIRAM? (hoje, in Diário de Viseu)

A Associação Nacional de Municípios, presidida por Fernando Ruas, fez saber que está contra “esta” proposta de reorganização administrativa apresentada pelo governo. Tal como o PS, rejeita critérios matemáticos e quer que seja feita de baixo para cima, ouvindo as assembleias municipais e de freguesia. Lisboa, Covilhã ou Amadora são bons exemplos de como - sem Troika e sem Livro Verde - se iniciou e decorre com êxito uma reorganização territorial.
Ficámos a saber, pela voz do ministro das Finanças, que o desemprego subirá para 14,5%, que a recessão atingirá, pelo menos, -3,3%, e pelos organismos oficiais independentes temos a má notícia de que atingimos o mais baixo índice de confiança de sempre. O governo diz que estamos no “bom caminho” e nem quero pensar o que será para o governo o “mau caminho”!
O Presidente da República, como deve ter andado fora do país, mostrou-se surpreendido com os números do desemprego, nomeadamente entre os jovens, assinala que não pode haver mais austeridade para os “novos pobres” e mostra-se solidário para com os pensionistas que, “tal como ele”, já não ganham o suficiente para as despesas.
Manuela Ferreira Leite disse não conseguir perceber como conseguiria o governo chegar a um défice de 4,5%, acreditando mesmo que até já estaria a renegociar coma “Troika”, porque, no seu ponto de vista, isso era inevitável. Paulo Portas, ao contrário, afirma que a renegociação levaria Portugal contra a parede e Constança Cunha e Sá refere, com alguma ironia, temer que ambos tenham razão: “vamos fazer renegociação e estamos a ser levados contra a parede.
Posto isto, aqui para nós, a crise política despoletada pelo Presidente da República e o governo de iniciativa presidencial que agora temos não foi lá grande coisa!
Afinal, antes de chegarem já existia crise internacional – e enorme – dependência da evolução do contexto europeu, “patifarias” das agências de “rating”, mas não havia, no PEC IV, IVA a 23% para o gás, eletricidade ou restauração, cortes nos salários e pensões, captura dos subsídios de férias e Natal, nem juros da dívida a 13%, nem desemprego a 14,5%. Então, por que motivo nos mentiram?

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