terça-feira, 6 de março de 2012

LISBOA É A CAPITAL DAS CASAS MILIONÁRIAS - A CRISE NÃO É PARA TODOS

  Eduardo Melo e Elisabete Soares

O Algarve já não é a zona mais procurada por portugueses e estrangeiros para a compra de casas milionárias, sobretudo como negócio financeiro. Os bairros mais centrais de Lisboa e os arredores da capital, como Estoril e Cascais, ganham pontos ao destino turístico de beleição em Portugal.
"Temos duas realidades: os bairros ‘premium' do Chiado, Príncipe Real, são os mais desejados. Depois surge Estoril e Cascais. Os bairros mais desejados, como têm mais procura, são também locais onde os preços mais resistem à descida", explica o director-geral da Sotheby's em Portugal, Tiago Queiroga. Pelas suas contas, o preço de venda efectivo ronda os cinco mil euros por metro quadrado. "Os preços iniciais são mais altos, mas os preços de fecho do negócio rondam esses valores, após a sua correcção", considera Tiago Queiroga. A diferença será de 10% e sobe para 20% nos arredores de Lisboa, em zonas distantes dos bairros nobres da capital.
Nos últimos cinco anos, Tiago Queiroga reconhece que os bairros do Chiado e do Príncipe Real estão na moda. "Tudo o que se coloca para venda é facilmente comercializado", explica Tiago Queiroga. Nessa óptica, o especialista diz que há os chamados bairros vendedores (onde se vêem muitas placas nos imóveis a dizer ‘vende-se') e os bairros compradores (como Campo de Ourique). "Neste bairro, toda a casa que se coloque à venda é logo comercializada", conta.
Internet e placas para vendaAs mediadoras usam a Internet, placas nos imóveis e revistas como meios privilegiados para angariar clientes, sendo os dois primeiros os que produzem mais efeitos junto dos clientes. Para a Sotheby's, os clientes nacionais e estrangeiros repartem-se, mas depois há zonas do país em que o seu peso se altera. Por exemplo, no Algarve, os seus clientes são quase 100% estrangeiros, enquanto no centro de Lisboa a repartição é de 30% de estrangeiros e os restantes nacionais; Estoril e Cascais deve ser 50/50, estima Tiago Queiroga.
Ao contrário das outras agências, que trabalham com o "cliente de massas, no nosso caso os clientes têm mais do que uma casa. Além do factor emocional da compra da nova casa (há que gostar da arquitectura do edifício, da qualidade dos materiais, dos quartos, do jardim, da piscina, etc.), o cliente da Sotheby's olha para o factor racional e de investimento", nota Tiago Queiroga.
Numa fase em que o crédito bancário praticamente não existe, há muitos proprietários a vender e a componente racional e lógica tem um peso crescente. "Estas pessoas compram na óptica da valorização do activo", confere Tiago Queiroga.
O gestor identifica um crescente conhecimento do cliente, que faz mais pesquisa dos preços das casas, compara esses preços, compara as características dos imóveis, rateio dos preços, é um negócio financeiro.
Brasileiros e ingleses em Lisboa
Em Lisboa, entre os clientes estrangeiros predominam brasileiros, ingleses, franceses, belgas e alemães. Na Costa do Estoril, além destas nacionalidades, Tiago Queiroga acrescenta angolanos e russos e, no Algarve, acrescem holandeses e suecos, que se juntam às restantes nacionalidades.
Em Portugal, estrangeiros e nacionais têm muitos milhares de imóveis à escolha. Só a Sotheby's tem cerca de 2.300 imóveis para venda, estimando que o seu valor ultrapasse 2,7 mil milhões de euros. "Em 2011, o preço médio de venda foi de 750 mil euros", revela Tiago Queiroga. A faixa entre 500 mil e um milhão de euros é a que tem mais peso nas suas operações. Mas Queiroga vende imóveis até três milhões de euros. Imóveis pouco comuns estão a ser comercializados pela mediadora internacional, como uma aldeia no Alentejo, uma ilha no rio Tejo e um castelo em Milfontes, por 4,5 milhões de euros.

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