sábado, 11 de fevereiro de 2012

TEXTO DA MINHA DECLARAÇÃO NA AR - O 1º MINISTRO TEM DE PARAR DE CRITICAR OS PORTUGUESES

Um primeiro-ministro, merecedor dessa função, a primeira obrigação que tem para com o seu povo é respeitá-lo e fazer dos seus atos a prova permanente de que honra os compromissos assumidos e a palavra dada. Há um contrato de confiança firmado entre as partes que não pode ser traído.

E o primeiro-ministro, reiteradamente, todos os dias, rasga uma parte desse contrato social dirigindo-se aos jovens que aspiram a um futuro ou aos desempregados que querem trabalhar para lhes dizer: emigrem; e às famílias a quem cortou os salários, que veem os seus filhos abandonar a escola, ou aos reformados a quem confiscou rendimentos para lhes dizer: não sejam “piegas”. E nós dizemos-lhe, a sua missão é governar, pare de criticar os portugueses

Não pode em momento algum perder o equilíbrio, nem falar como se os portugueses fossem medíocres ou incapazes. Ao longo da sua história secular deram provas de muita coragem, fazendo aquilo que deviam para o engrandecimento da pátria, bem ao contrário do primeiro-ministro que não faz o que deve e a única coisa que prova conseguir é o empobrecimento do país.

Não pode em momento algum falar como se tivesse uma espécie de “mandato” sobre a oposição. O primeiro-ministro deveria “ouvir mais…consensualizar mais”, como referiu o senhor Presidente da República, mas não ouve, não consensualiza, “tem revelado incongruência, mas isso também não lhe desculpa a displicência com que fala ao país real. E nós voltamos a dizer-lhe, senhor primeiro-ministro, a sua missão é governar, pare de arranjar desculpas e de criticar os portugueses

Há vários meses que o secretário-geral do PS, o convocou e exigiu uma agenda para o crescimento e o emprego, porque o primeiro-ministro apenas nos oferece austeridade em cima de austeridade, e um empobrecimento de que se orgulha, dizendo mesmo:

“Custe o que custar” é para continuar, porque “o memorando não é uma obrigação pesada”, e não o sente “como quem carrega uma cruz às costas”, porque é a execução do programa político do PSD.

Esse é um caminho errado. O secretário-geral do PS lembrou-lhe que esta receita nos conduziu ao mais baixo índice de confiança de sempre, batendo os máximos históricos destes últimos 20 anos, ao maior desemprego de sempre, que se estima em 14% já em 2012, e à previsão da maior recessão de sempre, próxima dos 4%, igualmente este ano.

O secretário-geral do PS perguntou-lhe, por isso, que outros sinais são precisos para perceber que este é o caminho errado?

É por isso que dizemos ao primeiro-ministro que mude de rumo, que ouça, que tenha a humildade de reconhecer que este é o caminho da tragédia grega, que pare de se desculpar e de criticar os portugueses.

E, já agora, é preciso antecipar-lhes a verdade e a realidade. O primeiro-ministro tem de confessar que para atingir os 4,5% de défice em 2012, vai anunciar mais cortes e mais austeridade e que as “poupanças” daí decorrentes vão ser perdidas para a recessão, porque com mais falência de empresas, mais desemprego e menos, muito menos, atividade económica as receitas esperadas não acontecerão.

Infelizmente e por força da teimosia e sucessivos erros do seu governo a crença da Dr.ª Manuela Ferreira Leite que diz que “só com um milagre” é que o governo atingirá o seu objetivo do défice e do regresso aos marcados, agora se torna verdadeira. O primeiro-ministro não pode acusar os portugueses, porque só pode queixar-se de si próprio, da sua receita e do caminho que escolheu.

A dívida pública do 3º trimestre de 2011, da sua responsabilidade, atingiu 110% do PIB, a 3ª mais elevada da UE. Isto quer dizer que comparada com o período homólogo de 2010 aumentou 19 pontos percentuais, cinco vezes mais do que a UE a 27. Este não é o nosso caminho, este é o caminho do governo PSD/CDS e do primeiro-ministro. Por isso, voltamos a dizer ao primeiro-ministro que governe e que pare de se desculpar e de criticar os portugueses

E assim se percebe a hipocrisia do primeiro-ministro, com o “corte” do Carnaval, o castigo, mais um, para fazer de conta que atua em nome da produtividade. Não, isso é mesmo deslealdade aos portugueses em geral e à concertação social em particular, quadro em que deveria ter assumido essa intenção em vez de se ter refugiado no silêncio da omissão.

O primeiro-ministro não tem razão, fez uma avaliação económica grosseira e são também os seus que desafiam a sua autoridade como, entre outros, Rui Rio, Alberto João Jardim, Carlos Carreiras ou Berta Cabral, que se decidiram pela tolerância de ponto.

E o que vai fazer o primeiro-ministro? Nada, porque este é primeiro-ministro que não se envergonha de ser fraco com os fortes e forte com os fracos, que não tem coragem para assumir as consequências das suas políticas, que critica e se desculpa com os portugueses, que acha que os desempregados e os pobres são uns piegas, que os manda emigrar, custe o que custar!

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