terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA "DÁ RAZÃO" AO VICE DO PS, PEDRO NUNO

ECONOMIA
Presidente da República defende "nova atitude da Europa" e diz que não se pode só falar de sanções e cortes

O Presidente da República defende a necessidade de "uma nova atitude da Europa", considerando que não se pode apenas falar de sanções e cortes e admitindo que foram cometidos "demasiados erros". "Os Estados europeus devem não apenas falar da responsabilidade como  também da solidariedade", frisa o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva,  numa entrevista ao diário económico holandês "Financieele Dagblad" publicada  hoje. 

Defendendo "uma outra atitude da Europa", Cavaco Silva sublinha que  "não se pode falar somente de sanções e cortes", sendo necessária uma estratégia  para favorecer o crescimento em Portugal e também na Europa. Caso contrário, acrescenta, "os encargos serão insuportáveis". 

"Sinto essa falta no Conselho Europeu", reconhece o Presidente da República,  que lembra que tal não acontecia quando exercia o cargo de primeiro-ministro,  nos finais da década de 80 e início da década de 90. 
O chefe de Estado ressalva, contudo, que pelo menos "em termos economicamente  teóricos" tal não significa que os cortes devem ser menos rigorosos. Porém, reitera, apesar de essencial, a redução do défice não é uma condição  suficiente e deve ser encontrado um caminho para a recuperação económica,  o que no caso de Portugal significa "exportar mais". 
Na entrevista ao diário holandês, que está a publicar um conjunto de  reportagens e entrevistas sobre Portugal e a forma como se está a viver  a crise, Cavaco Silva deixa ainda uma sugestão aos próprios holandeses,  lembrando que, como país com um superavit tão elevado na conta corrente,  "poderia fazer mais em favor do crescimento da Europa". 
O Presidente da República reitera ainda as críticas à forma como os  líderes europeus têm reagido à crise, considerando que "demasiados erros  foram cometidos". 
"Como é que se pode ter sido tão ingénuo exigindo uma contribuição aos  detentores privados de títulos públicos? Disse logo que isso minaria a confiança.  Onde esteve a razão? Esse erro teve como consequência imediata um maior  prémio de risco, mas felizmente foi recentemente corrigido", refere o chefe  de Estado, apontando esta correção como "um dos poucos desenvolvimentos  positivos do último conselho europeu. 
Relativamente à Zona Europa, Cavaco Silva insiste que seria um "verdadeiro  desastre" o seu fim, pois implicaria um regresso ao protecionismo.  
"A Europa constituiria um bloco frágil perante a China e os EUA. Portugal  quer muito manter o euro, não há nenhuma discussão sobre isso. Seria um  desastre terrível se o euro desaparecesse", salienta.    

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