sábado, 16 de julho de 2011

Pois, senhor Primeiro Ministro, isto não está lá grande coisa!

(publiquei no Diário de Viseu)
Ontem toda a comunicação social confirmou o artigo que aqui escrevi há uma semana: “Os Dividendos Ficam de Fora”. O Primeiro Ministro já confirmou a decisão do Governo.

Pagaremos mais 3,5% no IRS, 1 600 milhões de euros, será cortado em 50% o subsídio de natal, 800 milhões de euros, e o IVA aumentará, mas ainda não foi confirmado oficialmente se ficará ou não nos 25%. Se é empregado por conta de outrem prepare-se para pagar.

Estão, no entanto, de parabéns todos os que jogam na bolsa, que têm dividendos em acções, que têm rendimentos dos seus depósitos como sejam Belmiro de Azevedo, Jerónimo Martins ou quaisquer outros nas mesmas circunstâncias. O seu – deles - apoio público ao PSD está, portanto explicado.

Se pensarmos no BPP ou no BPN e na elite que criou e “esturricou” as instituições em proveito próprio, rapidamente chegaremos à conclusão de que o crime compensa. Enquanto forem acusados de desonestos os que usufruem do Rendimento Mínimo os outros, os do Rendimento Máximo, como se vê, ficam de fora. Essa elite também não pagará nada!

A pressa de chegar ao “pote”, parafraseando o Primeiro Ministro, tinha esta explicação lógica: mais vale estar no poder uma hora do que na oposição toda a vida. E, agora, não há tempo a perder.”Vamos lá buscar o que pudermos …. e depressa”.

Tudo acontece em democracia, perfeitamente legitimado pelo voto popular, enfatizando muito a “mudança necessária” e propalando a ideia de que assim sim, de que os sacrifícios da maioria dos portugueses valem a pena, porque sempre farão o contentamento da minoria, a tal que fica de fora.

E estes impostos não estão no memorando da “Troika”, nem são lançados por necessidade, mas apenas para “prevenir” qualquer derrapagem. Para prevenir, portanto, que não para resolver um problema que exista.

Bem pode o Primeiro Ministro mandar anunciar que há derrapagens, ou seja, contas não previstas, que não tenham sido auditadas pelas instituições nacionais e internacionais. Lá iremos saber na Assembleia da República depois das explicações do Ministro da Economia que o PS chamou para o efeito.

Poderemos andar assim seis meses, com “novidades à medida”, mas mais cedo do que tarde o povo vai perguntar pelos resultados e lembrar-se-á de tudo quanto o Primeiro Ministro prometeu e o Presidente da República apadrinhou.

Afinal, vejam bem, agora já é certo de que a crise é internacional, as agências de rating são um perigo, Portugal não é a Grécia, há necessidade de uma agencia europeia de notificação, e que, para além das “dores de parto” dos países do costume, também a Itália e os Estado Unidos estão em risco de incumprimento.

Afinal, com o FMI os juros atingiram níveis máximos e a nossa credibilidade níveis mínimos. Pois, senhor Primeiro Ministro, isto não está lá grande coisa!
DV 2011-07-14

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