segunda-feira, 18 de abril de 2011

INSEGURO E TITUBEANTE

“Carisma é a qualidade marcante de um indivíduo que o distingue dos demais”. Essa faculdade é muito importante nos homens públicos, sobretudo quando enfrentam momentos únicos, como é o caso. Perseverança, determinação, confiança, ousadia e coragem, são características que acompanham esse “carisma”.
Vem isto a propósito da fragilidade de Pedro Passos Coelho. Nogueira Leite, até há pouco o seu principal conselheiro na área económica, disse publicamente que tardava em chegar do líder do PSD “um pensamento profundo”. Paulo Rangel confessava-se confuso com o que lhe ouvira sobre a Justiça ou Educação. Pacheco Pereira refere que esta volatilidade de opinião não é de agora, mas de sempre, antes da liderança.
O Conselheiro de Estado António Capucho, Luis Filipe Menezes ou Alberto João Jardim, conjuntamente com uma claque anacrónica de “jovens turcos”, exigiu-lhe, entretanto, eleições “já”. Pedro Passos Coelho, inseguro como se conhece, ficou mais intranquilo e, sobretudo, hesitante.
Sem experiência, sem o conhecimento da dimensão da crise internacional e da sua profunda expressão em Portugal ficou, como o outro, no “meio da ponte”. Por um lado, olhava para o país, ainda que não o entendesse bem; por outro para o próximo Inverno, com medo de não chegar lá. Decidiu-se, então, pela aventura, pelo risco, pelo “depois logo se vê e provocou eleições.
Assumiu como estratégia a tentativa de veicular a ideia de que o 1º Ministro apenas lhe fizera um telefonema para comunicar um facto consumado. Sabe-se, agora, pela voz do próprio Presidente do PSD, que, afinal, se reunira com ele na residência oficial. E sabe-se, agora, que foi uma conversa demorada.
Passo Coelho, mais uma vez, sentiu-se inseguro e titubeante. Eram linhas gerais que deveriam ser apresentadas no seguimento do que já havia feito para o Orçamento e PEC 2010. O importante seria iniciarem negociações sobre as medidas concretas para apresentarem concertadamente em Abril. Chegado junto “dos seus” claudicou e, de modo radical, não aceitou negociar.
E não havendo necessidade de votar o “PEC IV” – e a responsabilidade seria só do Governo – decidiu mesmo provocar essa votação e liderar o derrube do Governo, convocando mesmo a esquerda radical.
Em duas semanas, tal como o 1º Ministro avisara, abateu-se sobre Portugal e os portugueses o “inferno” das agências de “rating”; e a República, os portugueses, o seu esforço, a banca e as empresas sofreram o rude golpe para o qual, ainda estonteados, alguns começam a acordar.
Em conclusão, Passos Coelho, embora se distinga “dos demais”, não fica marcado pelo “carisma”, mas pela irresponsabilidade de assumir como interesse principal a enganadora estabilidade política, “sua e da sua corte”, e ter, portanto, decidido contra o seu próprio país e os seus concidadãos.
E, assim, tendo cometido esta incomensurável irresponsabilidade, ficará conhecido como ”líder” pouco informado, frágil, inseguro e titubeante
DB 2011-04-16

Sem comentários:

Enviar um comentário