Concluíram-se
os primeiros 240 dias de António Costa. Parte da opinião publicada não o tem
poupado a críticas duras e a vaticínios dramáticos. Mas a outra opinião, a
pública, traduzida pelas sondagens, revela um primeiro-ministro cada vez mais
popular e um PS cada vez mais forte. Esta semana terá chegado aos 39%.
Só
no final do verão, como tenho insistido, será possível aquilatar se a maioria
das metas e promessas do PS estão a ser - e vão ser - concretizadas. Nessa
altura se verá se a esquerda parlamentar se entende nas políticas de
ajustamento para 2017 e se estas convencem as instâncias internacionais. O
futuro do governo e da maioria de esquerda dependem disso, da qualidade e da
dose dessas propostas.
O
mérito da ação governativa tem sido o grande responsável pelo apagamento de
Passos Coelho. O PSD ainda não se reencontrou e atua por impulsos, sem
racionalidade e motivação. Vive de um prognóstico negativo, da aposta no
insucesso do outro, que não do exercício credível de uma capacidade alternativa.
O PSD profundo denota já uma inelutável vontade de mudança interna.
A
atitude de resistência do governo à discricionariedade do diretório europeu tem
sido um sucesso. Contrasta com a resignação a que a direita habituara o país,
conta com o apoio do Presidente da República e da maioria dos eleitores.
A
argumentação do primeiro-ministro tem sido inteligente. De facto, ninguém
entende que Europa tenha elogiado os esforços do governo anterior (apesar de
ter falhado) e reconheça o sucesso deste quando confessa acreditar que será em
2016 que Portugal vai finalmente sair do procedimento por défice excessivo. Até
agora a direita não soube enfrentar algo que há muito não acontecia: o domínio
da política pura.
Jornal do Centro
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