Um ano depois da sua morte uma comissão organizadora, liderada por Manuel Fernandes, juntou ontem, em Rebordinho (S. João de Lourosa) o presidente da câmara municipal, vereação, junta de freguesia, família e amigos do Prf. Dr. João Inês Vaz. Foi inaugurado um monumento evocativo. As breves palavras que dirigi são o eco do artigo que então escrevi e que agora republico.
João Luís Inês Vaz
Nunca ninguém está preparado para o impensável. No passado sábado tinha participado com o João, na Associação Comercial, num evento promovido por Sampaio da Nóvoa.
E no domingo passámos juntos o final da tarde, no aniversário de um amigo chegado, ocasião em que se celebra a vida e se olha para o futuro de modo auspicioso e duradouro. Foi isso que fizemos, mas a vida, pelos vistos, não partilhava connosco a mesma opinião e na terça-feira subtraiu-o à nossa companhia.
O nosso conhecimento aconteceu nos anos 80, na universidade. Ele professor de Cultura Portuguesa e eu aluno que decidira partir das ciências para o mundo das Humanidades. Anos mais tarde, a universidade Católica foi novamente um ponto de encontro e, desta vez, como professores.
As nossas famílias tornaram-se próximas. Inicialmente, muito por causa da amizade dos filhos. O Edgar e a Gisela cresceram num tempo comum aos nossos. Aprenderam nas mesmas escolas e, em boa parte, com os mesmos professores. Depois foi a vida académica que estreitou o nosso relacionamento. Apesar de no fim dos anos 80 já ser docente na universidade de Aveiro, continuava com a minha família em Viseu e lecionava Literatura Portuguesa na Católica. Ainda chegámos a escrever um artigo comum sobre a Igreja de Balsemão. Acho que foi publicado no longínquo Comércio do Porto. Bons tempos!
Mais tarde, teríamos um percurso político partilhado. Salvo erro, em 1993 o João Inês Vaz concluía o seu doutoramento, e convenci-o por essa altura a partilhar comigo, com o José Manuel Oliveira, ambos independentes, e uma equipa sonhadora, uma candidatura à câmara de Viseu. Aceitou e participámos com entusiasmo numa experiência enriquecedora para todos. Era um tempo de nova e verdadeira cidadania. Os valores contavam.
Edgar Vaz (filho) inaugura com os presidentes de câmara e junta o monumento |
No entanto, nunca perdeu o sentido dos livros, nem a inclinação para a investigação sofreu qualquer afrouxamento. Pelo contrário, continuava a alimentar essa vocação para descoberta e para o escrutínio das nossas origens. Nele, a História e a Arqueologia andavam de mãos dadas e foi-nos deixando em livros, em várias línguas, a herança desse conhecimento. Atualmente presidia ao Centro de Estudos Aquilino Ribeiro.
Nesta sexta-feira, pela manhã, voltarei a encontrar-me com o João Inês Vaz uma última vez, pelo menos por cá. Aqui deixo o meu reconhecimento por tudo o que fez por todos, bem como um abraço profundo e solidário, a toda a sua família e aos seus amigos. Estou certo de que a sua obra não o deixará partir.
DV 2015.06.24
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