É consensual em todo o país ser necessário alterar o caminho único, austeritário, de Bruxelas (Comissão, Parlamento, BCE, FMI ...) porque o resultado é conhecido: a Europa está num impasse económico e num constrangimento social intensos.
Têm-se registado alguns progressos no alívio desse caminho único e, em abono da verdade, diga-se que tem pertencido ao PS a liderança dos mesmos. É válido para o tempo de Seguro na oposição, como é válido e marcante com António Costa no poder.
A primeira grande mudança esteve na atitude do BCE. Optou por uma maior intervenção. Ainda me lembro como Passos, Gaspar e Portas na AR, em 2011/12, consideravam ser uma "irresponsabilidade" (do PS) falar nisso, porque os mercados poderiam reagir negativamente (sempre o mesmo papão). E desde 2014/15 que bem se podiam lembrar ter sido a partir de Bruxelas, da Comissão e do FMI, que foi reconhecido o excesso de algumas políticas para Portugal. Excessos que a direita assumiu com gosto!
Acontece que com este governo a compreensão europeia aumentou a flexibilidade (não sem luta) e o impossível está a acontecer: as pessoas veem restituídos os seus rendimentos, as políticas sociais são mais abrangentes e solidárias ao mesmo tempo que se garante uma descida do défice ainda que a uma velocidade moderada.
E ainda bem, porque a via austeritária, como já constatámos, duramente, não deu oportunidade nem à economia, nem ao social. E era nessas condições de emigração intensa, de cortes poderosos nos rendimentos, alguns feridos de profunda inconstitucionalidade, de desemprego e destruição de emprego, de profunda regressão demográfica, que se falava em aumento da natalidade, de crescimento e de emprego?
Pois bem, apesar de só agora, em abril, se ter aprovado e promulgado OE 2016 e, portanto, iniciado a sua execução, as previsões da primavera da Comissão Europeia confirmam um défice abaixo dos 3% (2,7%) e uma variação de -0,1 na estimativa do governo.
O PR fez sobre estas estimativas uma leitura de esperança, tal como o governo, mas o PSD e o CDS disseram exatamente o contrário. Fazem força para alimentar um clima de dúvida, colocam-se do lado de lá e não do lá de cá do interesse nacional, estimulam as pressões austeritárias de Bruxelas (não atendidas até agora) e salivam pelo dia em que tudo possa correr mal e pela oportunidade de poderem voltar a cortar nos salários, pensões e prestações sociais.
A continuarem assim, antevejo um outono de fragmentação na direta, sobretudo no PSD, partido que poderá vir a reclamar a substituição do próprio Passos Coelho. São as minhas previsões de outono para o PSD/CDS
Gota de Água
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