É
sempre muito penoso o regresso à oposição, tal como o reinício do caminho para
um novo ciclo virtuoso.
A experiência política construída no ativo, o facto de
ter testemunhado e ter sido parte dos acontecimentos desde o início da nossa
democracia, permite-me rever o filme, sempre o mesmo, embora com protagonistas
e contextos diferenciados.
O
36º Congresso do PSD é o paradigma disto mesmo. O partido deixou o poder há
poucos meses. Centrou-se muito no passado e numa narrativa cujo prazo de
validade já caducou. À boleia dessa divagação, volvidos quatro meses de oposição,
o renovado líder desafia o PS para duas reformas, as mesmas que não foi capaz
de fazer em quatro anos de governo. Palavras para quê?
Como já escrevi, "Neste
período (o de governo do PS) Passos Coelho fica, com 95% dos votos, sem se dar
conta de que, no curto prazo, ou constrói o sentimento de regresso rápido ao
poder ou será removido pelo seu partido em nome desse mesmo poder." E,
sinceramente, não vejo que a escolha de Maria Luís Albuquerque tenha suscitado
um grande entusiasmo.
No entanto, no final, sem surpresa, conseguiu uma aprovação
de quase 80%. Ao contrário dos que apenas sublinharam os votos contra, prefiro
a objetividade dos factos: mais de dois terços dos congressistas, em
representação das bases do PSD, para o bem ou para o mal, assumiram como boa a
estratégia de Passos Coelho, quer a do passado, quer a do futuro.
Bem mais folgado está Paulo Portas. Percebeu tudo e saiu de
imediato. Agraciado por Angola, já é, entre nós, vice da Câmara do Comércio,
comentador televisivo de política internacional, “completamente estranho” ao
passado recente e à atual política interna. Portas já iniciou o seu ciclo
virtuoso. Há uma grande diferença entre os dois.
JC 2016.04.04
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