segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

VASCO GRAÇA MOURA E A CANDIDATURA MENOR DE PASSOS COELHO - "Sair do caixote do lixo"

Por gentileza e homenagem recordo um PENSAMENTO, LARGO, de VASCO GRAÇA MOURA ("boys e serventuário" - segundo o próprio) sobre PASSOS COELHO. "Não me parece nem consistente nem convincente a candidatura de Pedro Passos Coelho. Não é só a nenhuma experiência política a sério do protagonista. É todo o seu comportamento desde que perdeu as eleições em 2008. Mas, sendo quem se perfila há mais tempo, Passos Coelho poderá ter, já neste momento, uma implantação mais do que directamente proporcional à exígua qualidade política que ele mesmo se vem encarregando de demonstrar há já bastantes meses"

Sair do caixote do lixo - Opinião - DN - por VASCO GRAÇA MOURA - 24 Fevereiro 2010
Vive-se um tempo em que já não há perspectivas originais na cabeça de ninguém. Quase toda a gente pensa que o Governo vai quase de certeza cair. Uns poderão lamentá-lo. Outros não o lamentariam por princípio e aversão à actual maioria, mas entendem que isso não deve acontecer porque seria pior para o país. Outros, entre os quais me conto, pensam de modo diferente. Cada dia que passa sem este Governo ser derrubado é tempo perdido e isso é o pior que pode acontecer a Portugal. Vivemos num tempo de anedotário picaresco de boys e serventuários de uns políticos de poucos escrúpulos e sem categoria nenhuma. Na última semana, e para que conste, houve quem recapitulasse a impressiva cadeia de poucas-vergonhas, manipulações e cambalhotas que vão todas dar ao mesmo sítio e, directa ou indirectamente, à mesma personagem. Ninguém pode agora pretextar esquecimentos ou lapsos de memória.
Por mim, tenho que não vale sequer a pena perder mais tempo com essa tropa fandanga. Mas é neste contexto que se coloca a questão da sucessão de Manuela Ferreira Leite na presidência do PSD. Exactamente porque o Governo pode cair, é urgente que essa questão seja resolvida de modo satisfatório, para o que der e vier. E o PSD tem de ser capaz de dar um golpe de rins.
Não me parece nem consistente nem convincente a candidatura de Pedro Passos Coelho. Não é só a nenhuma experiência política a sério do protagonista. É todo o seu comportamento desde que perdeu as eleições em 2008. Mas, sendo quem se perfila há mais tempo, Passos Coelho poderá ter, já neste momento, uma implantação mais do que directamente proporcional à exígua qualidade política que ele mesmo se vem encarregando de demonstrar há já bastantes meses.
E ele até nem precisaria de melhor implantação porque, no campo oposto, as candidaturas de José Pedro Aguiar-Branco e Paulo Rangel, com a divisão que acarretam se forem por diante, acabarão por constituir o melhor trunfo que lhe podia ser servido de bandeja.
É por isso que fazem sentido os apelos de vários quadrantes internos e que também subscrevo, para que Rangel e Aguiar Branco se entendam a tempo. É verdade que os debates televisivos podem trazer surpresas positivas com reflexo na eleição. É verdade que Paulo Rangel tem aí melhores condições para afirmar com alguma espectacularidade sensata os contornos da sua candidatura e as suas ideias, embora já me decepcione que ele, se for eleito, não faça tenção de apresentar logo uma moção de censura ao Governo.
 Rangel é com certeza capaz de tomar posições mais surpreendentes e de elaborar propostas mais inovadoras e, além disso, tem mais verve e mais contundência do que o actual líder parlamentar do PSD. A ruptura que ele anuncia será com certeza mais aliciante e motivadora do que a continuidade que não poderá deixar de ser a posição de José Pedro Aguiar-Branco, por muita seriedade e competência que reconheçamos a este. Tal continuidade até poderia não estar errada no fundo, mas esse foi chão que deu uvas e já não dá.
Se isso não acontecer, o drama do PSD estará logo em ver assim desperdiçado ingloriamente o capital político representado por duas figuras competentes e sérias, em favor da candidatura menor de Pedro Passos Coelho.

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