sábado, 4 de fevereiro de 2012

ANTÓNIO JOSÉ SEGURO FAZ BEM AO TENTAR CONCILIAR PRESIDENTE E GOVERNO

Estamos a viver os dias mais intensos desde a tomada de posse do governo PSD/CDS. Na justiça a desordem é total. A ministra Paula Teixeira da Cruz não se entende com ninguém. Procura mesmo uma política de confronto. Envolveu-se com os magistrados, advogados, antecessores no cargo, um pouco de tudo. Para apimentar o clima nomeou "familiar" e amigos e alimenta uma truculenta polémica com Marinho Pinto que lhe responde à letra não poupando nas palavras nem nos factos.

O clima de insegurança é um flagelo nunca visto. Crimes violentos, assaltos diários - à bomba - às caixas multibanco, roubos permanentes nas ourivesarias, assaltos às gasolineiras e, imagine-se, sequestros de administradores de empresas, para além do "habitual" carjacking. Os idosos morrem sozinhos, são espancados nas suas casas e os polícias, tão anunciados como solução, estão em litígio com o governo.

O desemprego atingiu níveis recorde. Não há memória. Um em cada três jovens estão desempregados e, no geral, dentro em breve, vamos atingir um milhão. A austeridade é isto mesmo: empobrecimento, constrangimento nas famílias, desespero nas contas que não podem ser pagas, dramas com os filhos que têm de sair das escolas, das universidades, para regressarem a casa e drama com todos os que estão a partir para uma nova emigração, tão desejada e estimulada pelo governo.

A ministra do ambiente, agricultura e tantas outras coisas em que é "entendida" acabou de nomear a "mana" da colega da justiça para sub directora geral do ambiente; no verão, mandou tirar a gravata ao "pessoal" para poupar no ar condicionado, mas no inverno não lhes ofereceu um "cachecol" para o mesmo efeito; não se pense, no entanto, que é "unhas de fome". Vai gastar 8 milhões de euros com as equipas dirigentes das Águas de Portugal, nomeia autarcas, como o presidente da câmara do Fundão, que de clientes-devedores passam, assim, a administradores-credores, mesmo que tenham perdido em tribunal ações contra a empresa.

O conselho europeu desiludiu, apesar de ter dado razão ao Secretário-Geral do PS e admitir, pela primeira vez, a necessidade de uma "agenda para o crescimento e emprego", nomeadamente dos jovens, e uma nova geração de políticas para a economia. No entanto, a harmonização fiscal, a emissão de "eurobonds", os estímulos à procura nas economias mais fortes, a oferta, são exemplos das realidades e soluções concretas que ficaram pelo caminho. Falou-se muito na "regra de ouro" para o défice, na tutoria pré democrática da Grécia, em síntese, trocando as soluções por sanções e as pessoas pelo dinheiro. Ficámos quase a mesma

E agora uma crise entre o Presidente da República e o governo, uma guerra de alecrim e manjerona, perturbadora e fomentada pelos dois lados, dirigida por "anónimos" covardes que se escondem atrás dos títulos de jornais e de jornalistas que da profissão só têm o nome.
A ironia de tudo isto é que teve de ser o líder do partido socialista a vir publicamente apelar ao entendimento entre as partes, chamá-las à razão, pedir-lhes para se concentrarem na resolução dos problemas dos portugueses. Nós estamos pior, muito pior. Já todos percebemos isso. A impreparação do governo é hoje uma evidencia assertiva. O Presidente, como diria o cómico e saudoso Badaró, "não espilica, só compilica". Neste contexto é de elogiar o líder do maior partido da oposição. António José Seguro faz bem ao tentar conciliar Presidente e governo.
DB 2012.02.02

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